
Homem de origem das Lavras da Mangabeira, sertão centro sul cearense, discursou como um candidato sem raízes interiorana, como se tivesse nascido e criado numa metrópole do sudeste. Infelizmente foi a percepção e decepção para a maioria dos presentes.
Até pode-se conjecturar que sua assessoria de campanha, incluindo os famosos "palpiteiros", mostra uma visão distorcida e inconsequente da realidade e junte-se a isso a total falta de compromisso, engajamento e comprometimento do referido candidato.
O candidato conhece bem a vida no campo pois tem uma propriedade, fazenda com campo de pouso, no Estado Mato Grosso ou é no Estado Goiás, próximo à Brasília?
 Mas, o que mais se percebe não é o vazio de ideias apresentada até agora nas campanhas majoritárias, não é a estupidez 
dos raciocínios, não é nem mesmo a miséria da linguagem: é a 
incapacidade geral de distinguir entre o essencial e o acessório, o 
decisivo e o irrelevante do programa dito de governo.
Cada um candidato que abre a boca quer externar apenas algum sentimento subjetivo 
deslocado e extemporâneo, exibir bom-mocismo, angariar simpatias ou 
votos, como se se tratasse de uma rodada de apresentações pessoais - no palco ou picadeiro -  num 
grupo de psicoterapia esquizofrênica e não de uma conversa sensata sobre - digamos - 
alguma coisa. 
As assessorias dos candidatos fazem interpretações, muitas vezes, de acordo com humores dos candidatos; não querem desagradá-los. Então, ocorre que a coisa, o objeto, o fato, o tema, do candidato, fica esquecido num 
canto, como se não existisse, e depois de algum tempo cessa mesmo antes de existir. 
A impressão que fica é a de que toda a população que ler e 
escreve está sofrendo de síndrome de déficit de atenção. Ninguém 
consegue fixar um objeto na mente por dez segundos, a imaginação sai 
logo voando para os lados e tecendo, devaneios, um monte de 
frivolidades em torno do nada. 

Se perguntarem quais são os problemas essenciais do Brasil, responde-se sem a menor dificuldade:
1) A matança de brasileiros, entre quarenta e cinquenta mil por ano;

Se perguntarem quais são os problemas essenciais do Brasil, responde-se sem a menor dificuldade:
1) A matança de brasileiros, entre quarenta e cinquenta mil por ano;
2) O consumo de drogas, que aumenta mais do que em qualquer país 
vizinho, e que alguns celerados pretendem aumentar ainda mais mediante a
 liberação do narcotráfico - o maior prêmio que as Farc poderiam receber
 por décadas de morticínio.
3) A absoluta ausência de educação num país cujos estudantes tiram 
sempre os últimos lugares nos testes internacionais, concorrendo com 
crianças de nações bem mais pobres; num país, mais ainda, onde se aceita
 como ministro da Educação um sujeito que não aprendeu a soletrar a 
palavra "cabeçalho" porque jamais teve cabeça, e onde se entende que a 
maior urgência do sistema escolar é ensinar às crianças as delícias da 
sodomia - sem dúvida uma solução prática para estudantes e professores, 
já que o exercício dessa atividade não requer conhecimentos de 
português, de matemática ou de coisa nenhuma exceto a localização 
aproximada partes anatômicas envolvidas.

4) A falta cada vez maior de mão de obra qualificada de nível 
superior, que tem de ser trazida de fora porque das universidades não 
vem ninguém alfabetizado.
5) A dívida monstruosa acumulada por um governo criminoso que não se 
vexa de estrangular as gerações vindouras para conquistar os votos da 
presente, e que ainda é festejado, por isso, como o salvador da economia
 nacional.
6) A completa impossibilidade da concorrência democrática num quadro 
onde governo e oposição se aliaram, com o auxílio da grande mídia e a 
omissão cúmplice da classe rica, para censurar e proibir qualquer 
discurso político que defenda os ideais e valores majoritários da 
população, abomináveis ao paladar da elite.
7) A debilitação alarmante da soberania nacional, já condenada à 
morte pela burocracia internacional em ascensão e pelo cerco continental
 do Foro de São Paulo (aquela entidade que até ontem nem mesmo existia, 
não é?).

Se, por fim, me perguntam a causa desses oito vexames 
colossais, digo que é a coisa mais óbvia do mundo: quarenta anos atrás, 
as instituições que se gabam de ser as maiores universidades brasileiras
 lançaram na praça uma geração de pseudo-intelectuais morbidamente 
presunçosos, que na juventude já se pavoneavam de ser "a parcela mais 
esclarecida da população".
Hoje essas mentes iluminadas dominam
 tudo - sistema educacional, partidos políticos, burocracia estatal, o 
diabo -, moldando o País à sua imagem e semelhança. Matança, dívidas, 
emburrecimento geral, debate do ensino, é tudo mérito de um reduzido 
grupo de cérebros de péssima qualidade intoxicados de ideias bestas e 
vaidade infernal. Dentre todas as gerações de intelectuais brasileiros, a
 pior, a mais predatória, a mais destrutiva. 
Se querem saber agora por que os temas fundamentais não podem ser 
enxergados e discutidos na sua essência, é por que as atenções são sempre 
desviadas para detalhes laterais e por que, em suma, nenhum problema 
neste país tem solução, a resposta também não é difícil: quem molda os 
debates públicos, por definição, é a elite dominante, e esta não permite
 que nada seja discutido exceto nos moldes do seu vocabulário, dos seus 
interesses, da sua agenda, da sua irresponsabilidade psicótica e estérica, da sua 
ambição megalômana, da sua auto adoração abjeta. 
Enquanto vocês não perderem o respeito por essa gente, nada de sério se poderá discutir no Brasil.
Enquanto vocês não perderem o respeito por essa gente, nada de sério se poderá discutir no Brasil.
FONTE: Carvalho, Olavo de: "O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser Um Idiota"
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