sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A SOCIEDADE MERCANTILISTA TOTALITÁRIA


“Que época terrível é essa que idiotas dirigem cegos”
William Shakespeare
A servidão moderna é uma escravidão voluntária aceita por esta multidão de escravos que se arrastam pela face da terra.
Eles mesmos correm atrás de um trabalho cada vez mais alienante que lhes é dado generosamente se estão suficientemente domados.
Eles mesmos escolhem os “amos” a quem deverão servir.
Para que essa tragédia absurda possa ter sucedido foi preciso tirar dessa classe a capacidade de se conscientizar sob a exploração e a alienação sob a qual são vítimas.
Eis então, a estranha modernidade da época atual. Ao contrário dos escravos da antiguidade, aos servos da idade média e operários das primeiras revoluções industriais.
Estamos hoje de frente a uma classe totalmente escrava. No entanto não se dão conta disso ou melhor ainda que não querem enxergar. Eles não conhecem a rebelião que deveria ser a única reação legítima dos explorados. Aceitam sem discutir a vida lamentável que foi planificada para eles.
A renúncia e a resignação são as fontes de sua desgraça. Eis então o pesadelo dos escravos modernos que só aspiram a deixar-se levar pela dança macabra do sistema de alienação.
A opressão se moderniza estendendo por todas as partes, as formas de mistificação que pretende ocultar nossa condição de escravos”. 
Buscar a realidade tal qual é a verdade é não tal qual mostram o poder constituir a mais autentica subversão, somente a verdade que é revolucionária.
O urbanismo é a tomada do meio ambiente natural e humano pelo capitalismo que ao desenvolvesse em sua lógica de dominação absoluta refaz a totalidade do espaço como seu próprio cenário”.  
Guy Debord, La Société Du Spectacle
O controle das consciências passa essencialmente pela utilização viciada da linguagem utilizada pela classe economicamente e socialmente dominante sendo o detentor de todos os meios de comunicação. O poder difunde a ideologia mercantil através da definição petrificada parcial e falsa que dá as palavras.
As palavras são apresentadas como neutras e sua definição como evidente. Porém estamos sob controle do poder, a linguagem designa sempre algo muito diferente da vida real. É antes de tudo uma linguagem de resignação e impotência, a linguagem da aceitação passiva das coisas tais como são tais como devem permanecer.
As palavras trabalham por conta da organização dominante da vida, e o fato mesmo de utilizar linguagem do poder os condena a impotência.
O problema da linguagem está no centro da luta pela emancipação humana. Não uma forma de dominação que se junta as outras mas o coração do mesmo projeto de submissão do sistema mercantil totalitário.
Para que uma mudança radical surja de novo é preciso uma tomada radical da linguagem e também da comunicação real entre as pessoas.
É nisso que o projeto revolucionário se une ao projeto poético.
Na efervescência popular a palavra é tomada e reinventada por grupos extensos.
A espontaneidade criadora se apodera de cada um e nos reúne a todos. No entanto os escravos modernos ainda se veem como cidadãos, eles acreditam que votam realmente e decidem livremente quem vai dirigir seus negócios como se eles ainda tivessem escolha, apenas conservaram a ilusão.
Vocês acreditam que ainda existe uma diferença fundamental quanto a escolha da sociedade na qual nós queremos viver entre o partido socialista e a direita populista da França? Entre os democratas e os republicanos nos Estados Unidos? Entre os trabalhistas e conservadores do Reino Unido?
Não existe oposição pois os partidos políticos dominantes estão sempre de acordo sobre o essencial que é a conservação da atual sociedade mercantil.
Não existem partidos políticos susceptíveis de chegar ao poder que duvidem do dogma do mercado e são com esses partidos que a cumplicidade midiática monopolizam as aparências. Discutem por pequenos detalhes esperando que tudo fique onde está.
Brigam por saber quem ocupará os lugares oferecidos pelo parlamentarismo mercantil. Essas estúpidas briguinhas são difundidas pelos meios na intenção de ocultar o verdadeiro debate sobre a escolha da sociedade na qual desejamos viver.
A aparência e a futilidade dominam profundamente o confronto e as ideias. Tudo isso não se parece nem de perto nem de longe a uma democracia.
A democracia real se define primeiro que antes de tudo pela participação massiva dos cidadãos na gestão, nos interesses da cidade. Ela é direta e participativa e encontra sua maior expressão na assembleia popular e no diálogo permanente sobre a organização da vida em comum.
A forma representativa e parlamentar que usurpam o nome da democracia limitam o poder dos cidadãos pelo simples direito ao voto, ou seja, a nada. Tão real que não existe diferença entre o cinza claro e o cinza escuro.
As cadeiras do parlamento estão ocupadas pela imensa maioria da classe econômica dominante, seja ela de direita ou da pretendida esquerda social democrática.
O Poder não é para ser conquistado, ele tem que ser destruído. O Poder é tirano por natureza, seja ele exercido por um Rei, por um ditador ou presidente eleito. A única diferença da democracia parlamentar é que os escravos tem a ilusão que podem escolher eles mesmos os mestre que eles  deverão   servir, o direito ao voto fez dos mesmos cúmplices da tirania esmagadora eles não são escravos porque existem “amos” senão que existem “amos” porque decidiram permanecerem escravos.
O sistema dominante se define pela onipresença, pela ideologia mercante, ela ocupa ao mesmo tempo todo espaço e todos os setores da vida. Ela não diz nada mais que, produza, venda, consuma, acumule. Ela reduziu todas as relações humanas em relações mercantes que considera nosso planeta como uma simples mercadoria.
O dever que nos impõe é o trabalho servil. O único direito que ele reconhece é o direito da propriedade privada. O único Deus que ele adora é o dinheiro.
O monopólio da aparência é total somente aparece os homens e os discursos favoráveis da ideologia dominante. A crítica desse mundo está afogada no mar midiático que determina o que é bem ou mal e o que se pode ver ou não.
“Não se torne um refém de suas próprias estupidez”  –  O Professor

A onipresença da ideologia, o culto ao dinheiro, monopólio da aparência, partido único, disfarçado de pluralismo parlamentar, ausência de uma oposição visível, repressão sob todas as formas, vontade de transformar o homem e o mundo.
 Eis o verdadeiro rosto do totalitarismo moderno que chamamos de democracia liberal. Porém é necessário chamá-la pelo seu verdadeiro nome: o sistema mercantil totalitário.
O homem, a sociedade e o conjunto de nosso planeta estão a serviço dessa ideologia. O sistema mercantil totalitário realizou o que nenhum totalitarismo consegui fazer antes, unificar o mundo a sua imagem.
Hoje já não existe exílio possível.
A medida que a opressão se estende por todos os setores da vida a revolta toma um aspecto de uma guerra social. Os motins se nascem e anunciam a futura revolução.
A destruição da sociedade mercantil totalitária não é um caso de opinião é uma necessidade absoluta num mundo que já está condenado pois o poder está em todos os lados deve ser por todas as partes e todo o tempo que devemos combatê-lo.
A reinvenção da linguagem, o transtorno permanente da vida cotidiana, a desobediência e a resistência são as palavras mágicas da revolta contra a ordem estabelecida. Mas para que desta revolta surja uma revolução é preciso unir subjetividades em uma frente comum.
A unanimidade de todas as forças revolucionárias que devemos trabalhar. Isto só se pode conseguir quando temos consciência de nossos fracassos passados, nem o reformismo estéril, nem  a burocracia totalitária não podem ser uma solução para nossa insatisfação. Trata-se de reinventar novas formas de organização e de luta.
A auto gestão nas empresas é democracia direta na escala comunal constitui as bases desta nova organização que deve ser anti hierárquica, tanto na forma quanto no conteúdo.
“O Poder não é para ser conquistado, ele deve ser destruído”.
TEXTO – Jean-François Brient e Victor León Fuentes

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