“Que época terrível é
essa que idiotas dirigem cegos”
William Shakespeare
A servidão moderna é uma
escravidão voluntária aceita por esta multidão de escravos que se arrastam pela
face da terra.
Eles mesmos correm atrás de um
trabalho cada vez mais alienante que lhes é dado generosamente se estão
suficientemente domados.
Eles mesmos escolhem os “amos” a
quem deverão servir.
Para que essa tragédia absurda
possa ter sucedido foi preciso tirar dessa classe a capacidade de se
conscientizar sob a exploração e a alienação sob a qual são vítimas.
Eis então, a estranha modernidade
da época atual. Ao contrário dos escravos da antiguidade, aos servos da idade
média e operários das primeiras revoluções industriais.
Estamos hoje de frente a uma
classe totalmente escrava. No entanto não se dão conta disso ou melhor ainda
que não querem enxergar. Eles não conhecem a rebelião que deveria ser a única
reação legítima dos explorados. Aceitam sem discutir a vida lamentável que foi
planificada para eles.
A renúncia e a resignação são as
fontes de sua desgraça. Eis então o pesadelo dos escravos modernos que só
aspiram a deixar-se levar pela dança macabra do sistema de alienação.
“A opressão se moderniza estendendo por todas as partes, as formas de
mistificação que pretende ocultar nossa condição de escravos”.
Buscar a realidade tal qual é a
verdade é não tal qual mostram o poder constituir a mais autentica subversão,
somente a verdade que é revolucionária.
“O urbanismo é a tomada do meio ambiente natural e humano pelo
capitalismo que ao desenvolvesse em sua lógica de dominação absoluta refaz a
totalidade do espaço como seu próprio cenário”.
Guy
Debord, La Société Du Spectacle
O controle das consciências passa
essencialmente pela utilização viciada da linguagem utilizada pela classe
economicamente e socialmente dominante sendo o detentor de todos os meios de
comunicação. O poder difunde a ideologia mercantil através da definição petrificada
parcial e falsa que dá as palavras.
As palavras são apresentadas como
neutras e sua definição como evidente. Porém estamos sob controle do poder, a
linguagem designa sempre algo muito diferente da vida real. É antes de tudo uma
linguagem de resignação e impotência, a linguagem da aceitação passiva das
coisas tais como são tais como devem permanecer.
As palavras trabalham por conta
da organização dominante da vida, e o fato mesmo de utilizar linguagem do poder
os condena a impotência.
O problema da linguagem está no
centro da luta pela emancipação humana. Não uma forma de dominação que se junta
as outras mas o coração do mesmo projeto de submissão do sistema mercantil
totalitário.
Para que uma mudança radical
surja de novo é preciso uma tomada radical da linguagem e também da comunicação
real entre as pessoas.
É nisso que o projeto
revolucionário se une ao projeto poético.
Na efervescência popular a
palavra é tomada e reinventada por grupos extensos.
A espontaneidade criadora se
apodera de cada um e nos reúne a todos. No entanto os escravos modernos ainda
se veem como cidadãos, eles acreditam que votam realmente e decidem livremente
quem vai dirigir seus negócios como se eles ainda tivessem escolha, apenas
conservaram a ilusão.
Vocês acreditam
que ainda existe uma diferença fundamental quanto a escolha da sociedade na
qual nós queremos viver entre o partido socialista e a direita populista da
França? Entre os democratas e os republicanos nos Estados Unidos? Entre os
trabalhistas e conservadores do Reino Unido?
Não existe
oposição pois os partidos políticos dominantes estão sempre de acordo sobre o
essencial que é a conservação da atual sociedade mercantil.
Não existem
partidos políticos susceptíveis de chegar ao poder que duvidem do dogma do
mercado e são com esses partidos que a cumplicidade midiática monopolizam as
aparências. Discutem por pequenos detalhes esperando que tudo fique onde está.
Brigam por
saber quem ocupará os lugares oferecidos pelo parlamentarismo mercantil. Essas
estúpidas briguinhas são difundidas pelos meios na intenção de ocultar o
verdadeiro debate sobre a escolha da sociedade na qual desejamos viver.
A aparência e a
futilidade dominam profundamente o confronto e as ideias. Tudo isso não se
parece nem de perto nem de longe a uma democracia.
A democracia
real se define primeiro que antes de tudo pela participação massiva dos
cidadãos na gestão, nos interesses da cidade. Ela é direta e participativa e
encontra sua maior expressão na assembleia popular e no diálogo permanente
sobre a organização da vida em comum.
A forma
representativa e parlamentar que usurpam o nome da democracia limitam o poder
dos cidadãos pelo simples direito ao voto, ou seja, a nada. Tão real que não
existe diferença entre o cinza claro e o cinza escuro.
As cadeiras do
parlamento estão ocupadas pela imensa maioria da classe econômica dominante,
seja ela de direita ou da pretendida esquerda social democrática.
O Poder não é para ser
conquistado, ele tem que ser destruído. O Poder é tirano por natureza, seja ele
exercido por um Rei, por um ditador ou presidente eleito. A única diferença da
democracia parlamentar é que os escravos tem a ilusão que podem escolher eles
mesmos os mestre que eles deverão servir, o direito ao voto fez dos mesmos
cúmplices da tirania esmagadora eles não são escravos porque existem “amos”
senão que existem “amos” porque decidiram permanecerem escravos.
O sistema dominante se define
pela onipresença, pela ideologia mercante, ela ocupa ao mesmo tempo todo espaço
e todos os setores da vida. Ela não diz nada mais que, produza, venda, consuma,
acumule. Ela reduziu todas as relações humanas em relações mercantes que
considera nosso planeta como uma simples mercadoria.
O dever que nos impõe é o
trabalho servil. O único direito que ele reconhece é o direito da propriedade
privada. O único Deus que ele adora é o dinheiro.
O monopólio da aparência é total
somente aparece os homens e os discursos favoráveis da ideologia dominante. A
crítica desse mundo está afogada no mar midiático que determina o que é bem ou
mal e o que se pode ver ou não.
“Não
se torne um refém de suas próprias estupidez” – O
Professor
A onipresença da ideologia, o
culto ao dinheiro, monopólio da aparência, partido único, disfarçado de
pluralismo parlamentar, ausência de uma oposição visível, repressão sob todas
as formas, vontade de transformar o homem e o mundo.
Eis o verdadeiro rosto do totalitarismo
moderno que chamamos de democracia liberal. Porém é necessário chamá-la pelo
seu verdadeiro nome: o sistema mercantil totalitário.
O homem, a
sociedade e o conjunto de nosso planeta estão a serviço dessa ideologia. O
sistema mercantil totalitário realizou o que nenhum totalitarismo consegui
fazer antes, unificar o mundo a sua imagem.
Hoje já não
existe exílio possível.
A medida que a
opressão se estende por todos os setores da vida a revolta toma um aspecto de
uma guerra social. Os motins se nascem e anunciam a futura revolução.
A destruição da
sociedade mercantil totalitária não é um caso de opinião é uma necessidade
absoluta num mundo que já está condenado pois o poder está em todos os lados
deve ser por todas as partes e todo o tempo que devemos combatê-lo.
A reinvenção da
linguagem, o transtorno permanente da vida cotidiana, a desobediência e a
resistência são as palavras mágicas da revolta contra a ordem estabelecida. Mas
para que desta revolta surja uma revolução é preciso unir subjetividades em uma
frente comum.
A unanimidade
de todas as forças revolucionárias que devemos trabalhar. Isto só se pode
conseguir quando temos consciência de nossos fracassos passados, nem o
reformismo estéril, nem a burocracia
totalitária não podem ser uma solução para nossa insatisfação. Trata-se de
reinventar novas formas de organização e de luta.
A auto gestão
nas empresas é democracia direta na escala comunal constitui as bases desta nova
organização que deve ser anti hierárquica, tanto na forma quanto no conteúdo.
“O Poder não é para ser conquistado, ele
deve ser destruído”.
TEXTO – Jean-François
Brient e Victor León Fuentes
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