quarta-feira, 12 de junho de 2013

4 ideias para usar o "big data" a favor dos seus negócios

Análise de dados não faz milagre, mas pode dar um bom reforço à estratégia da empresa; veja as sugestões de Mario Faria, primeiro Chief Data Officer do Brasil

 O nome assusta muita gente e boa parte dos executivos ainda não sabe exatamente o que fazer com o tal "big data", que desponta no cenário tecnológico como a solução de todos os problemas de estratégia e relacionamento de uma companhia - ou pelo menos boa parte deles. Engana-se quem pensa que esse distanciamento das inovações tecnológicas é exclusividade brasileira.
Mario Faria foi o primeiro Chief Data Officer do Brasil e hoje, atuando na Fundação Bill & Melinda Gates, garante que nem mesmo nos Estados Unidos o conceito de "grandes dados" foi totalmente incorporado. "O mercado está em uma confusão tremenda sobre os significados e limitações do Big Data", diz o executivo que, de saída, já não concorda com o nome criado para esse conjunto de dados pouco ou nada estruturados. "A questão principal não é o volume de dados, mas a variedade deles e a velocidade com a qual eles precisam ser analisados", diz. 
1 Big Data não faz milagre
Parece clichê, mas não é. Um amontoado de informações não significa rigorosamente nada se não houver uma equipe qualificada de olho na estratégia dos negócios. "Tem de ter tecnologia e modelos matemáticos - que são de domínio público. Ou seja, a diferença maior está na análise desses dados", diz. "Não há nada que substitua os profissionais especializados em tomar decisões com base em conceitos analíticos e não intuitivos." 
Faria prevê que nos próximos anos os Estados Unidos deverão precisar de cerca de 170 mil pessoas preparadas para trabalhar com este tipo de análise. "Não há profissionais disponíveis aqui para tudo isso", afirma ele, que mora em Seattle. Com um centro de processamento de dados em construção, até o governo norte-americano já está preocupado com o suprimento dessa demanda. "Até a flexibilização das leis de imigração estão sendo conversadas", diz Faria, que acompanha de perto o debate. 
2 Análise de dados atende as estratégias do negócio (e não à tecnologia)
Faria explica que, se o projeto de gestão de grandes dados nascer e ficar dentro do departamento de Tecnologia da Informação,  possivelmente ele será sub aproveitado. Para ele, o caminho deve ser o inverso. "A empresa tem de partir do problema que ela pretende resolver e aí sim buscar a análise dos dados", afirma. "Monitorar e gerir dados é uma iniciativa que deve vir da área de negócios e não de tecnologia." 
A questão não é só de funções, mas de estratégia. As equipes de TI, via de regra, não estão em contato direto com a frente de atendimento das empresas e, com isso, acabam distantes dos insights que poderiam ser solucionados a partir de uma gestão eficiente de informações.  "Para cuidar desses dados, não basta conhecer tecnologia. É preciso entender muito de processos, das áreas específicas dos negócios da empresa, de modelagem estatística e até de comunicação."
3 Big data é definido pela cultura da empresa (não pelo orçamento)
Não tem jeito. Mesmo quando o assunto é majoritariamente tecnológico, é a cultura quem impera sobre as operações de uma empresa. Faria conta que há empresas que trazem a análise e o cruzamento de informações no seu DNA. São as "data driven corporations", ou seja, empresas guiadas por dados. Até mesmo uma planilha simples que reúna e confronte dados já traz resultados relevantes para uma empresa.
No entanto, elas não são maioria. "A maior parte das empresas ainda está engatinhando neste sentido", afirma.  Informações que até pouco tempo atrás interessavam somente a empresas como Google e Facebook passam a fazer parte do dia a dia de companhias de saúde, mercado financeiro e até mesmo na educação.
Por isso, esqueça a ideia de que analisar big data é exclusividade de peixe grande. Uma empresa de médio ou pequeno porte com acesso a uma plataforma de cloud computing já consegue muitas informações sem necessidade de investimentos vultuosos e nem a contratação de um CDO. "Basta o gestor aplicar os conceitos adequadamente para conhecer melhor o seu cliente e acertar na melhor estratégia."
4 Dados são matéria-prima para análise
Nunca perca de vista a essência do termo "big data", ou "grandes dados". O próprio Faria, com 15 anos de estrada, considera o termo "abstrato demais". Para esclarecer, ele define: "dados são a matéria-prima de um processo de análise", diz. Como em um processo produtivo industrial, os dados são a matéria-prima bruta de um processo de produção, que resultará em informação como produto final. 
Assim como no processo industrial, a procedência, a qualidade e a confiabilidade das matérias-primas são essenciais para um produto - ou, no caso, informação - de qualidade. Por tangenciar questões delicadas como privacidade de usuários, é essencial se perguntar se há algum tipo de ameaça no acesso desses dados. Mario aconselha: "mantenha o gestor de dados sempre alinhado com o compliance e o departamento jurídico".

Nenhum comentário:

Postar um comentário