Ao longo do tempo temos percebido que a forma de gestão dos processos
logísticos vem mudando bastante. No passado, a função do gestor era muito
focada em instrumentos que priorizavam o controle detalhado sobre as atividades
de sua equipe. No entanto, com o passar do tempo tivemos um aumento do nível de
exigência dos clientes e fornecedores, uma maior competitividade no mercado, a
incorporação de novas tecnologias e, principalmente, a necessidade de sermos
mais ágeis no processo de tomada de decisão.
Estes fatores, aliados a outros de cunho econômico e social, trouxeram
uma maior complexidade para as funções do gestor logístico, que precisou aliar
os conceitos de controle até então usados com uma visão cada vez mais
estratégica de sua atividade.
Neste novo cenário (mais estratégico), o uso de indicadores de
desempenho, vem sendo cada vez mais usado pelos gestores logísticos. Mas, longe
de ser a solução dos problemas, se mal estruturados, os indicadores de
desempenho podem aumentar ainda mais a complexidade já existente, podendo gerar
processos burocráticos intermináveis que podem não agregar nenhum valor ao
cliente. Qual leitor já não se deparou com listas enormes de indicadores que
precisam ser monitorados, mantidos atualizados e, com planos de ação detalhados
para corrigir os desvios apresentados?
Por isso, quando pensamos em indicadores de desempenho, é importante
definirmos de forma muito clara e objetiva: O que medir? O objetivo de medir? E
como medir?
Tendo conseguido responder, de forma clara, estas primeiras perguntas
vamos identificar quantos indicadores iremos acompanhar, e neste momento é
importante avaliar se todos os indicadores realmente agregam valor, pois do
contrário serão apenas instrumentos de controle, que servirão para justificar
determinadas situações que ocorrem na organização, além é claro de gerar uma
burocracia desnecessária e que onera a operação.
Uma das perguntas que sempre tive grande dificuldade em responder é
quanto ao número ideal de indicadores. Sinceramente, já ouvi alguns números
mágicos, mas ainda não conheço uma fórmula matemática que nos possibilite determinar
este número com exatidão. Entretanto, tenho aprendido que o excesso de
informações pode ser tão prejudicial quanto a falta das mesmas. Logo, sempre
que me deparo com esta questão, procuro sempre avaliar que temos poucos
indicadores vitais e muitos triviais e ai procuro me concentrar nos vitais, ou
seja, aqueles que realmente vão me indicar onde precisarei agir para obter as
melhorias necessárias.
Outro ponto importante é quanto a que processos logísticos deverão ser
acompanhados. Neste sentido minha orientação é que os indicadores de desempenho
sejam propostos para medir o desempenho em áreas-chave do negócio da
organização (Clientes, Mercado, Produtos, Processos, Fornecedores, Recursos
Humanos e Sociedade.)
Concluídas estas primeiras reflexões sobre o que, como, porque e quantos
indicadores serão avaliados, minha recomendação é que, para cada indicador,
sejam analisados os pontos abaixo:
§ O indicador está
relacionado a estratégia da organização?
§ O indicador está
sendo desdobrado em diversos níveis da organização?
§ O indicador estará
sendo baseado em informações consistentes, fidedignas e de fácil obtenção?
§ O indicador é de
fácil compreensão (sem muitas fórmulas pirotécnicas)?
§ O indicador
proporcionará metas que reflitam o desempenho de algum processo logístico
importante?
§ O indicador
possibilitará identificar a necessidade de ações positivas quanto ao desempenho
analisado?
§ O indicador possui
metas (range) estabelecidas com base em critérios estatísticos e de conceitos
de melhoria contínua (evite estabelecer metas baseadas em desejos de curto
prazo).
§ O indicador e sua
meta podem ser comparados com as melhores práticas de mercado?
Após submetermos os indicadores a esta verdadeira sabatina, teremos uma grande
possibilidade de termos extraído uma lista dos indicadores vitais para o
negócio da organização. Entretanto, vale destacar, que em alguns momentos
específicos, devido ao dinamismo do negócio, faz-se necessário incluir ou
excluir indicadores a lista original. Por isso, é importante realizarmos
avaliações periódicas dos indicadores visando verificar se os mesmos continuam
sendo vitais e se continuam agregando valor para os envolvidos (clientes,
equipe, acionistas, vizinhos)
Toda a reflexão proposta até aqui, deve ser complementada, com a
capacitação da equipe, com a implementação de processos robustos e do uso de
tecnologia adequada à operação logística da organização, sendo ainda importante
a avaliação da possibilidade de uso, dos indicadores clássicos de desempenho
logístico que com certeza serão muito úteis.
Bem, ao término deste texto, muitos leitores devem estar com a sensação
de que estabelecer indicadores de desempenho úteis para o processo de gestão
logística, não é uma tarefa tão fácil como parece.
Entretanto, ao longo do tempo aprendi que “medir é importante, pois não
se melhora o que não se mede”. Logo, é importante começar o quanto antes a
mensurar o desempenho logístico de sua organização, pois do contrário, pode ser
que, ao ser surpreendido com o que precisa ser melhorado, o leitor não tenha
mais tempo para agir.
Hélio Meirim
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